quinta-feira, 2 de julho de 2009

Resenha sobre o Capítulo XX e XXI do Livro Princípios

Capítulo XX
Valor e Riqueza – Suas Qualidades Específicas


Ricardo neste capítulo se posiciona diante das teorias de valor e riqueza de Say e Smith, pois as mesmas possuíam grande influência no pensamento econômico da época.
Inicialmente, neste capítulo Ricardo trabalha a diferença essencial entre riqueza e valor. Pois riqueza não depende da abundância e sim da facilidade ou dificuldade da produção. Logo, não é apenas a necessidade que quantifica a questão do valor segundo ele, mas quanto mais complexa e elaborada for a produção de determinado bem, maior será o seu valor. Cita como exemplo a questão sobre o que vale mais se é 1 libra de ouro ou 1 libra de ferro. E responde que é ouro, por causa da sua raridade, porém em termos de valor de uso, teoricamente, o ferro é muito mais útil.
Valor para Ricardo, não depende da quantidade de trabalho empregado mas sim das condições para produção. Segundo ele “tudo aumenta ou diminui de valor em proporção à facilidade ou dificuldade de sua produção”.
Smith diz “que um indivíduo é rico ou pobre de acordo com a quantidade de trabalho que ele pode adquirir”, mas para Ricardo, Smith está errando ao dizer isso, um exemplo que ele usa para explicar é o da mina, se em uma mina se tornar mais fácil a produção, o valor do ouro e da prata se diminuirá. Ou seja, quanto mais otimizada for a produção de um determinado bem, menor se tornará o seu valor. Pois faltam medidas invariáveis para chegar plenamente a essa noção de valor.
A riqueza de um país pode ser aumentada de duas maneiras, primeiramente através da utilização de uma maior parte dos rendimentos na manufatura do trabalho produtivo, com que o mesmo retorne ao ciclo de produção.
Quanto menores forem os gastos com itens de luxo, e maiores forem os investimentos do país em seus meios produtivos, maior tende a ser a riqueza que o mesmo acumula.
Este reinvestimento proposto por Ricardo melhora as condições de produção, diminui custos, pois diminui a necessidade de novos investimentos de forma maciça e melhora a produtividade.
Embora Ricardo não cite países que assim fazem em sua época, é interessante notar que nações como Portugal que possuiam grandes reservas de ouro e itens de altíssimo valor comercial, permaneceram à margem do desenvolvimento, pois não reinvestiram os rendimentos com a venda de itens primários na produção de mais riqueza e sim compravam itens de luxo para sua ostentação presente e destruição econômica futura.
Por essa razão Ricardo defende o uso de maquinas e o pleno uso de meios naturais que auxiliem o homem na produção de bens. Pois as máquinas têm a capacidade de produzir mais mercadorias com custo menor na produção. Os meios naturais podem produzir então ainda mais pois eles estão a disposição do homem, sem custo de manutenção.
O pensamento ricardiano exposto no capítulo em questão é complexo e denso, porém atual e segue uma lógica que torna historicamente compreensível, por que há países tão mais ricos que outros.

Capítulo XXI
Efeitos da Acumulação sobre lucro e juros


Neste texto Ricardo permanece em diálogo com Smith, agora questionando o que poderia se tornar fator preponderante na queda das taxas de lucro. Segundo ele o que leva a queda dos lucros é o aumento com o capital fixo, ou seja, o aumento dos salários dos trabalhadores.
Este aumento de salário pode ser perigoso aos lucros se houver um aumento considerável no consumo de itens de primeira necessidade acima da capacidade produtiva do país.
Ricardo combate a idéia da “mão invisível do mercado”, que se manifesta com o aumento da concorrência, demonstrando que ao produzir, o individuo visa o consumo de outro produto, a fim de contribuir para sua produção futura: os produtos sempre são comprados com outros produtos ou com serviços, assim estimulando reciprocamente a economia, o dinheiro para Ricardo apenas era um facilitador entre trocas.
Para Ricardo não há limites para o capital, tanto para sua, oferta como para sua demanda. O dono do capital pode flutuar de um negócio a outro, buscando o a manutenção dos índices de lucratividade. Nessa flutuação o capitalista pode manter a classe trabalhadora, pois a oferta de trabalhadores é diretamente proporcional aos meios de subsistência.
Sobre a taxa de juros, Ricardo vê como um bom critério para estimar a evolução dos lucros. Sempre que o valor e a quantidade de dinheiro sofrem flutuações, o fluxo de comercialização do dinheiro também é alterado, de acordo com a necessidade do governo ou dos cidadãos, afetando as taxas de juros e consumo das mercadorias, podendo elas ser estocadas a fim de não se baixar os preços para venda, ou haver aumento de produção para atender a nova demanda.
A visão ricardiana sobre lucro é bastante atual e reflete o desenvolvimento do capitalismo moderno.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Karl Marx e A relação da propriedade privada

Neste texto Marx trabalha com a questão do trabalho como algo que mantêm o homem como necessário. Sua função ante o capital é de apenas vender sua força, essa força explica sua existência e sua condição de reprodução. Essa existência será objetivada através do salário que o trabalhador recebe pela venda de sua força de trabalho e que mantêm sua perpetuidade.
O homem possui uma relação direta com o capital. É ele quem sustenta o capital com a venda de sua força de trabalho e o capital o sustenta com o salário da venda de sua força de trabalho. Segundo Marx, “ O trabalhador produz o capital; o capital produz o trabalhador”.
O trabalhador se reproduz, como mercadoria a um movimento total, que ao final ele estará totalmente alienado.
O capital existe através do trabalhador, porém sua existência somente é possível onde haja capital, pois o trabalhador não possui a força de trabalho para si. Mas produz a mesma para a existência do capital. Sem capital não há força de trabalho. pois o trabalho torna-se desnecessário ao seu comprador, que no caso é o capitalista.
Para o capitalista o trabalhador somente precisa de manutenção, nada além de se manter como tal. Tal qual uma raça de animais que a partir do instante que perdem sua utilidade são substituídos por outros, ou simplesmente destruídos.
Essa relação homem-mercadoria, retira do homem sua humanidade, esta retirada de humanidade, leva o indivíduo à perca de valores, racionalidade e deforma por completo sua consciência. Entregando-o ao nada que significa sua existência.
Este nada que ele se encontra se reproduz enquanto o trabalhador for apenas capital ativo e possuir em si mesmo o capital necessário. Ou seja, o trabalhador não significa nada para o capitalista. Possui em si a desgraça de não possuir nada além de si como trabalho em essência, sendo sua existência pretérita à esta essência.
Segundo Marx, “ Trabalho decompõe-se em si e no salário. O trabalhador mesmo [como sendo] um capital, uma mercandoria.”, Marx ainda denomina isto como uma “oposição recíproca hostil”. Pois apesar do capitalista julgar-se no lucro e o trabalhador julgar-se como merecedor de suas partes, eles são ilúdidos pelo fetiche que o capital produz em si mesmo.
Tanto trabalhador como capitalista andam em direção ao nada, pois se desumanizam nesta relação antagonicamente incoerente.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

As consequencias da modernidade segundo Giddens

Giddens desenvolve um raciocínio bastante pessimista ante a modernidade. Este novo modo de vida, 
que surgiu na Europa durante o século XVII e se tornou aos poucos mundial, roubou do indivíduo a 
sua individualidade, deixou o homem imerso em um enorme vazio, onde ele está plenamente 
desorientado.
O homem moderno não foi preparado para mudanças tão radicais em seus valores, convicções e 
percepções da vida. Ele não consegue mais se objetivar em seu trabalho e nem consegue lidar com 
máquinas que o imitam e o substituem. 
Nesta angústia o homem começa a perder sua humanidade.
Para explicar este movimento em direção ao nada, Giddens utiliza uma visão histórico­dialética para 
analisar a sociedade em questão. Esta visão dialética é a responsável pela dinâmica histórica que a 
modernidade conduz o homem.
Segundo ele há um desencaixe espaço­tempo na sociedade moderna.
  O homem pré­moderno, possuia um contato maior com a natureza e com sua vila. Este 
contato lhe proporcionava uma ambientação diferente ante ao tempo que era medido pela sua 
percepção natural.
 O que não acontece na modernidade. O homem moderno utiliza o relógio, algo que em nada 
se assemelha com a natureza para estabelecer suas noções temporais.
A modernidade também mudou a forma do homem se relacionar com os espaços, sua visão 
de mundo era limitada o que lhe trazia a um contato maior com o seu próximo.
Com isso, Giddens faz uma análise da visão de pensadores do século XIX, buscando 
acrescentá­los a forma de entender o processo de modernização. Marx enxergava todo processo de 
modernidade como um processo dialético que com a queda do modo de produção capitalista se 
extinguiria para o surgimento de um modo de produção mais preocupado com o ser humano.
Durkheim enxergava na industrialização a possibilidade de uma existência mais harmoniosa onde os 
valores individuais e a divisão do trabalho possibilitariam ao homem maior capacidade de 
desenvolvimento como tal. Weber via com pessimismo este novo mundo moderno, pois ele se 
controi na degeneração da criatividade e na perda da autonomia dos individuos.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sociologia: Alguns comentários

De onde vem a sociologia?

O século XVIII foi um século de profundas transformações na estrutura da sociedade européia. Estas transformações modificaram todo um cenário de uma relativa estabilidade (característico das sociedades pré-capitalistas) vivida até então e colocaram. Estas mudanças colocaram o homem europeu no centro de um verdadeiro furacão histórico.
Neste ambiente conturbado, o homem se vê em meio a duas revoluções, a francesa, com a vitória da burguesia sob a nobreza e a industrial que retirou o homem do campo e o levou à cidade, acabou com o ofício do artesão, transformando-o em empregado fabril.
A sociedade então é vista como um problema a ser resolvido e para solucionar as variáveis desta equação surge o pensamento sociológico,
Diferentemente de outras ciências, a sociologia não é criação de um homem, nem de uma escola de pensamento localizada em uma nação, tampouco possui data de nascimento, mas sim, surge da junção de um contexto social completamente novo e desafiador que incluiu o homem em um imenso vazio cercado pelas incertezas.
Conclui-se que a sociologia é a ciência que insere o homem na sociedade e a sociedade no homem. Complexa para uns, estimulante para outros, a sociologia é a ciência que vem tentando salvar o homem de seu vazio social.

Imaginação Sociológica

Segundo C. Wright Mills, a imaginação sociológica é uma qualidade de espírito que permite ao homem enxergar além de suas possibilidades pessoais imediatas. Ou seja, lhe permite ir além de suas impressões imediatas e corriqueiras.
Isto permitiria ao homem a condição de entender-se em seu meio social e se libertar de tudo que lhe prende, fazendo-o compreender as razoes que lhe imputaram sua atual condição.
A imaginação sociológica é a chave para a compreensão dos contrastes da sociedade, do valor simbólico dos menores atos e da compreensão das diversas formas de organização social.